(ex: Campanha Vinho em Moderação, Responsabilidade Social, Associados Acibev, …)
Comunicados de Imprensa

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ACIBEV pede ao Governo que não prorrogue medidas que prejudicam o setor do vinho e a economia nacional
17 dez 2020
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16 de dezembro de 2020

A ACIBEV (Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal) vem por este meio reiterar a sua preocupação sobre a continuidade de medidas legislativas que proíbem a venda de bebidas alcoólicas depois das 20h, em virtude da pandemia, e faz um apelo ao Governo para que não prorrogue tais medidas.

Neste sentido, a ACIBEV argumenta:

  1. O setor do Vinho é um setor responsável e está sempre disponível para colaborar em todas as políticas e medidas que visem acautelar a saúde pública. Compreendemos a medida decretada pelo Governo, em março de 2020, de proibir o consumo de bebidas alcoólicas na via pública, por a mesma potenciar o convívio e a violação da regra do distanciamento social, em especial no Verão, exigida pela pandemia;
  2. No entanto, num país como o nosso, em que o consumo de vinho está associado às refeições e à dieta mediterrânica, não entendemos qual a justificação para a proibição da venda de bebidas alcoólicas, após as 20h, nos estabelecimentos de comércio a retalho, incluindo supermercados e hipermercados;
  3. Esta medida, sem qualquer evidência científica, prejudica todos consumidores que pretendem fazer as suas compras em horário pós-laboral e tem incentivado a aglomeração de pessoas no horário anterior às 20h;
  4. Fomenta também a separação estrutural dos locais destinados às bebidas alcoólicas, por ser mais fácil “fechá-los” após as 20h (ver exemplo da foto em baixo), desincentivando as ações de promoção dos vinhos portugueses nos pontos de venda, associadas por exemplo a produtos da dieta mediterrânica (os chamados second placement);
  5. Pela mesma razão tem-se verificado, especialmente nas grandes superfícies, a supressão dos “topos” (prateleiras com maior destaque), que têm níveis de venda mais interessantes para as empresas;
  6. Não compreendemos também que a proibição da venda de bebidas alcoólicas seja alargada às esplanadas, quando os estabelecimentos de restauração e bebidas já provaram que podem ser adotadas medidas de distanciamento social;
  7. Esta medida é claramente discriminatória. Desde que sejam cumpridas as regras de distanciamento social, não compreendemos qual a diferença entre estar a consumir uma bebida não alcoólica numa esplanada ou uma bebida alcoólica;
  8. Estas regras, cuja evidência científica não está comprovada, transmitem uma mensagem de saúde errada à população e acabam por fomentar o seu desrespeito;
  9. Ficamos com a ideia de que o objetivo destas medidas não são o combate à Covid-19 e aos comportamentos de risco com ela associados, mas sim a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas, afetando negativamente um produto nacional como o vinho, que é parte integrante da vida e cultura portuguesas e é apreciado por milhões de pessoas de forma moderada e responsável;
  10. Num momento tão difícil para as nossas empresas, em que o canal HORECA continua a ter quebras muito significativas, é para nós vital poder continuar a vender nos estabelecimentos de comércio a retalho, incluindo supermercados e hipermercados e nas esplanadas, sem restrições que não têm qualquer justificação de saúde, pelo que apelamos ao Governo que não prorrogue tais medidas.

IMPACTO DA PANDEMIA NO SETOR DO VINHO:

O setor vitivinícola é um grande impulsionador da economia nacional e um instrumento relevante para a manutenção das comunidades rurais e ordenamento do território, por providenciar emprego, oportunidades de investimento, estabilidade económica e sustentabilidade ambiental. Em 2019, as exportações de vinho portuguesas atingiram o valor mais alto de sempre correspondente a 822 M€.

A pandemia da COVID-19 teve um impacto negativo no setor do vinho, tanto ao nível nacional como ao nível das exportações.

No mercado interno, as empresas que vendiam na distribuição conseguiram aguentar as vendas (embora a um preço mais baixo), mas aquelas que dependiam essencialmente do canal HORECA entraram numa profunda crise.

As vendas para a restauração sofreram uma quebra de cerca de 50% tanto em volume como em valor e não é expectável que a situação melhore nos próximos meses, pois a situação epidemiológica está a agravar-se, a confiança dos consumidores em níveis muito baixos e não iremos contar com o fluxo de turismo que tivemos nos anos anteriores.

No primeiro semestre de 2020, o mercado nacional de vinho (distribuição + restauração) sofreu uma quebra de 10,2% em volume, 23,9% em valor e registou uma diminuição do preço médio de 15,3% relativamente ao período homólogo de 2019.

Ao nível das exportações, após uma quebra significativa no primeiro semestre de 2020, as exportações de vinho nacional registaram novamente um aumento nos meses de julho e agosto (3,4% em volume e 2,3% em valor) em relação ao período homólogo de 2019.

A quebra nas exportações do primeiro semestre do ano (-1,2% em volume e -0,9% em valor) deveu-se essencialmente ao 2º trimestre (quebras de 4,9% em volume e 2,9% em valor), período em que a pandemia da COVID-19 começou a afetar drasticamente os países da Europa, após uma tendência de subida no 1º trimestre do ano (aumento de 2,9% em volume e de 1,2% em valor).

O que é facto é que se verifica uma grande volatilidade nos mercados internacionais. Entre os principais mercados de exportação, registaram-se quebras acentuadas nas nossas exportações para a China, Angola, Alemanha e França. Canadá, Brasil e EUA, por sua vez, registaram um aumento significativo.

Há que ter, no entanto, em conta que o mercado nacional é fundamental para as nossas empresas e que só uma situação sólida no mercado interno permite aguentar a situação financeira das empresas, manter os postos de trabalho e, sempre que possível, alavancar os investimentos na exportação.